Deste lado

Seu nome, lembra-me uma Sra.
de outros tempos,
de gran status e glória;

Nas noites de então,
porém, há tal euforia
(bestial quanto mais
passam-se as horas
e o destilado da mesa vai embora)

de olhos e bocas
(que se encontram),
que ora cantam pra fora
(o que há dentro),
ora falam de lado...
(palavras tolas e tortas).

Assim, nos cantos da noite
ouço na nossa língua
o repertório escolhido

Pelos que ali rodam,
sobem e descem Você
Entre idas e vindas ao banheiro.

Todas o cantor da noite
executa, -entre Chico e cantadas;
Quando a próxima pedida não toca:

ninguém conhece,
embora já tenha sido cantada.
(A noite foi noite antes de nós.)

Sra. Augusta

Sabes ainda meu nome?
Fome. De mim na tua vida.

H H

*Encontros poeticos, com Eliane Brum

Vem de canto
ouvir um canto
(des)encantado.

-Sinta rápido, menina. Sinta-se.

Desejo,
um ensejo
sem fim,

(Se há um
não-sossego
em mim.)

(a)gosto

Eu, que em geral não sou afeita

a futilidades, no entanto,

perco alguns minutos da tarde

escolhendo a cor

do verniz de unha.

I Sol

(-para não ser mais um sol

sobre a cabeça de alguém)

eu quero meus olhos feitos dois sóis,

que iluminem como dois faróis de baía

a visão do que miro no espelho;

"Presunção da palavra experiência. A experiência não é experimental. Não se pode provocá-la. Apenas se submeter a ela. Antes paciência que experiência. Nós esperamos - ou melhor, nós padecemos. 

Na prática: ao fim da experiência, não se é sábio, se é especialista. Mas em quê?"

"Dolorem exprimit quia movit amorem."

Cadernos 1935-37

Esperança do mundo
A C